Existe uma busca generalizada e desmedida, em alguns pais/mães pela perfeição. Embora não assumido de forma clara este desígnio “Schwarzeneggeriano” é possível ser detetado pelos comportamentos escolhidos em determinadas situações. Exemplos: excesso de crítica aos filhos; recomendações não solicitadas sobre de como conduzir uma brincadeira saudável – normalmente quem o faz nunca brincou verdadeiramente. Comparações com outras crianças. Destruindo a confiança da criança na sua natureza. Comparações com outros pais. Julgamentos sumários das escolhas dos outros para os filhos. Comparações com tudo o que mexa. Existem pais que até conseguem comparar o nada com o tudo. Uma espécie de algoritmo algoritmo educacional de Kruskal.
O adjetivo perfeito tem origem no latim perfectu. Quer dizer acabado. Sendo assim parece-me adequado aceitar que sendo nós pais de filhos em crescimento, logo inacabados, não poderemos nós mesmos ser acabados. Perfeitos. Pode até parecer confuso mas a prática diária da actividade de pai mostra-me isso mesmo. O que serviu ontem para conseguirmos viver bem não serve hoje. A criança muda tão rápido como a natureza que carrega no seu coração se mostra. É essa a sua missão. Crescer e fazer com que, os que com ela vivem, cresçam também. Inevitável e amoroso.
Talvez, a existir perfeição, seja nesta verdade natural que é: todos os dias somos pessoas diferentes. Precisamos todos os dias de inovar ou pelo menos sentir que, caso seja necessário, arranjaremos novas formas de lidar com os filhos.
É importante saber e praticar a imperfeição com eles para que possam sentir, que mudar não é um enigma da Ladybug. Que a imperfeição deve ser acarinhada e não escondida. Para que possam aprender, connosco, que emoções ditas imperfeitas (raiva, vergonha, tristeza, dúvida, medo, etc.) são parte de nós até ao último suspiro e quem sabe mais além. Crescemos com elas e através delas, no reencontro com as capacidades internas de superar esses desafios, descobriremos a felicidade.
Contribuir para a aceitação da imperfeição não é baixar os braços. É elevá-los à transcendência. Para que juntos, com amor e respeito por nós mesmos possamos ajudar quem tanto amamos a crescer de acordo com a sua própria natureza. Assim acredito que estaremos a contribuir para que nenhuma criança deseje ser o Schwarzenegger emocional impossível de alcançar. Que aceite que ser ela própria é um desígnio e não uma obrigação.
I´ll BE BACK