Fico sossegado a ouvi-lo. Chega suave. Baloiçando o berço. Sem dar conta está perto de mim. Acorda-me. Quer dizer-me que chegou. Mas eu já sabia. Senti-o antes de o ver. Aprendi a fazer assim. Sem ver resta-nos sentir. Eu vejo. Vejo bem o que quero. O resto fica à espera dele. Da sua equação feita sem números. A lógica é outra. O amor é fiel.

Dá-me três acordes. Balanço-me. Embalo-me. Faço a música preferida dele. A melodia astral é o berço. Anunciam-se as palavras sem som. Fica o silêncio. Espero pacientemente. Sem dar conta chego-me perto dele. Deito-me. Suavemente abraça-me. Quero dizer que cheguei. Mas já me viu. Nunca deixou de me ver. Sossego-me. Oiço-o. Sinto o som das palavras que quero dizer. Olhamos um para o outro sem nos vermos. Reconhece-me desde que nascemos ou até antes.

Somos o mesmo.