Não é solução. Nunca foi e nunca será. Sobretudo quando o gatilho que faz disparar este corretivo cinestésico é o descontrolo emocional dos adultos.
Vamos a factos. As crianças não filtram o mundo da mesma forma que os adultos. A ideia que elas são adultos em ponto pequeno deixou o seu último rasto conhecido no século XVIII.
1- As crianças não são aqueles anjos que os anúncios publicitários nos querem fazer acreditar. As crianças querem “companhia”. “Companhia” é a energia que todos sentimos quando estamos com alguém que quer estar connosco. Eles querem isso. A nossa companhia plena. Olhos nos olhos. Coração com coração. Alma com alma. E isto é diferente de estar apenas com eles. Posso estar com uma criança e a minha companhia estar no telemóvel, televisão, almoço ou jantar, no trabalho ou outra qualquer atividade que drena o vínculo com a criança.
2- As crianças querem tudo. Tudo o que o amor pode dar. Dignidade. Saber ser. Respeito. Limites. Regras. Brincadeira. Empatia. Compreensão. Reconhecimento. E companhia.
3- As crianças querem aprender connosco. E aprendem. Aprendem não só com o que lhes dizemos mas sobretudo com o que lhes fazemos sentir. Aprendem com a congruência entre o que dizemos e fazemos. E aprendem rapidamente que não somos perfeitos. Se não aprendem devemos saber mostrar-lhes. Assim aprenderam também que ninguém de amar o outro só porque ele não é perfeito. E quando não somos perfeitos não deve haver alguém que nos bata. Que nos bata e nos culpe por não sabermos como se “faz bem” ou porque não fazemos como nos dizem para fazer. Dá trabalho eu sei.
4- Todo o comportamento indesejável da criança encerra uma necessidade oculta de reconhecimento. Por isso bater-lhe, à criança, é convidá-la a assinar a “escritura emocional” entre ela e a “mascara do eu perfeito”. Sabemos que isso não existe e será impossível respeitar tal contracto. E nem ela nem nós merecemos procurar a perfeição. Ela não precisa procurar a perfeição nem precisa esconder os seus defeitos. As suas carências emocionais, sociais, de auto-estima, de auto-controlo, de confiança, de afecto e amor.
5- São os adultos que devem saldar as suas dívidas emocionais. Regularizar as suas carências afetivas. Acalmar o coração e ouvir a voz da serenidade. Aproximar-se da sua fonte inspiradora de confiança e segurança. Algo que não se podendo ensinar só cada um poderá descobrir por si.
Só assim é possível amar.
Boas viagens.